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I SILIAFRO – I Simpósio Internacional de Literatura Afrolatina

 

I SILIAFRO – I Simpósio Internacional de Literatura Afrolatina.

 

24, 25 e 26 de outubro de 2012.

 

O I SILIAFRO – I Simpósio Internacional de Literatura Afrolatina – é um evento que tem por objetivo promover reflexões em torno do estudo sobre as Poéticas Afrolatinas. Configura‐se, portanto, como um importante espaço de debates, circulação e fortalecimento da produção intelectual sobre as artes na Diáspora.

O evento se organizará em torno da proposição de conferências com alguns dos principais nomes da área no Brasil e no exterior, mesas-redondas, Grupos de Trabalho, além de comunicações individuais e painéis.

Brevemente informaremos o endereço do site do evento, bem como uma prévia da programação.

 

PERÍODO DE INSCRIÇÕES E SUBMISSÕES DE TRABALHOS:

a) De 01/03/2012 até 15/04/2012 – Para coordenação de Grupo Temático.

b) De 01/05/2012 até 01/06/2012 – Para comunicação em Grupo Temático.

c) De 01/05/2012 até 31/06/2012 ‐ Para painéis, comunicações individuais e ouvintes.

d) O coordenador de GT deverá entregar os resumos aprovados até 15/06/2012.

e) A organização do evento divulgará os GTs e seus participantes em 31/06/2012.

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VI Seminário de Literatura – Minas e o Modernismo

ACESSE A PÁGINA DO EVENTO AQUI.

Há 90 anos, a literatura brasileira foi sacudida por um significativo evento artístico que abalou as raízes da nossa tradição literária.

De 1922 a 1930, ocorreu a fase heroica desse movimento de renovação poética, como apontou o crítico montesclarense João Luiz Lafetá; fase marcada pela atitude irreverente, rebelde, em busca de maior liberdade de expressão e de novas formas para a nossa literatura.

De 1930 a 1945, passada a euforia influenciada pelos manifestos de vanguarda europeia, os escritores brasileiros chegaram a uma nova fase, a do amadurecimento, quando a radicalidade foi sendo substituída pela consciência crítica, e a arte se juntou ao suporte ideológico, de denúncia social.

Segundo Antonio Candido, em “A nova narrativa” (1989, p. 204), “A partir de 1930 houve uma ampliação e consolidação do romance, que apareceu pela primeira vez como bloco central de uma fase em nossa literatura, marcando uma visão diferente da sua função e natureza”, destacando-se autores como Rachel de Queiroz, José Lins do Rego, Jorge Amado, entre outros.Essa fase foi caracterizada, de acordo com Alfredo Bosi (1997), pela apresentação de uma ficção regionalista, do ensaísmo social e do aprofundamento da lírica moderna no seu ritmo oscilante entre o fechamento e a abertura do eu à sociedade e à natureza.

Se essa primeira onda de romancistas produziu uma literatura comumente chamada de regionalista, a década de 1950 e as subsequentes foram marcadas por uma renovação estética mais introspectiva, como a ficção de Otávio de Faria, Cornélio Pena, José Geraldo Vieira, Lígia Fagundes Telles, Clarice Lispector e os mineiros Autran Dourado, Lúcio Cardoso, Cyro dos Anjos. A prosa reflexiva de Clarice Lispector, a linguagem inventiva de Guimarães Rosa e a poesia-crítica de João Cabral de Melo Neto e de Carlos Drummond de Andrade completam a renovação estética proposta pelo Modernismo de 1922, mas por caminhos bastante diversos da considerada fase heroica, ou da radicalidade.

A literatura brasileira contemporânea está em crise? O pós-modernismo substituiu ou deu continuidade ao modernismo? O que significam as ruínas do modernismo, ou da modernidade, como quer Silviano Santiago? O VI seminário de Literatura Brasileira pretende trazer ao debate os significados do Modernismo Brasileiro, enfatizando a literatura produzida em Minas Gerais, para refletir sobre o que resta desse movimento artístico na atualidade, suas memórias, suas subjetividades e suas ruínas.

Certificados do Colóquio já estão disponíveis

Os participantes do Colóquio Nacional de Pesquisa em Cultura Popular já podem receber seus certificados. Os documentos estão sendo entregues no Departamento de Línguas e Literaturas, nos turnos matutino e vespertino. Os participantes que só podem comparecer no horário da noite, devem assinar a lista de solicitação de impressão na Coordenação do Curso de Letras.

COLÓQUIO NACIONAL DE PESQ. EM CULTURA POPULAR – 20/01/2012

 

Verônica Carvalho - 20/01/12

 

Ridalvo Felix - 20/01/2012

 

Participantes do Colóquio - 20/01/2012

 

Participantes do Colóquio - 20/01/2012

 

 

 

 

Babalorixá Bira Tomulu - 20/01/2012

 

 

 
 

Dica de Leitura: DISCURSO DA ÉTICA E A ÉTICA DO DISCURSO, de Valdemir Miotello

Por  Ruth Schmitz de Castro

Em 2009, a Escola da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais promoveu um ciclo de palestras sobre Ética Aplicada. A ideia de realizar esse evento nasceu de uma reflexão coletiva sobre a importância de pensarmos a ética a partir das noções de sujeito, liberdade e alteridade, de reafirmarmos a sua condição de pedra basilar nas relações entre Estado e cidadão e de discutirmos a sua dupla condição de constitutiva do e constituída pelo discurso. Ao empreendermos um debate sobre liberdade, justiça, honestidade e solidariedade, virtudes e valores, entre outros, já culturalmente introjetados, quisemos nos distanciar do discurso que reduz a ética a prescrições de condutas, e possibilitar reflexões que devolvessem ao termo ética sua potencialidade filosófica, sem abordá-lo apenas como adjetivo, atributo ou qualificativo. A tentativa de calar na palavra ética sentidos atribuídos sem cuidado, de ultrapassar o seu uso banalizado trazia a intenção de acionar essa palavra que se desgasta, porque vem perdendo sua condição substantiva, e evocá-la num sentido mais pleno, teórico e prático, técnico e político, racional e apaixonado, filosófico, enfim. Dessa forma, objetivávamos o desdobramento da reflexão em outras questões, tais como: de que maneira definimos nosso destino, como escolhemos nossos caminhos, que critérios elegemos para orientar nossa vida presente e de que forma essa vida esculpe nosso futuro como humanidade. Sabemos que a reflexão sobre a ética não torna ninguém ético, da mesma forma que “a reflexão sobre as virtudes não torna ninguém virtuoso”, mas essa reflexão pode desenvolver a humildade “tanto intelectual, diante da riqueza da matéria e da tradição, quanto propriamente moral, diante da evidência de que essas virtudes nos fazem falta, quase todas, quase sempre, e de que, entretanto, não poderíamos nos resignar à sua ausência nem nos isentar de sua fraqueza, que é a nossa”, como bem nos lembra Comte-Sponville . O diálogo orquestrado pelo professor Valdemir Miotello que ocorreu no dia 06 de outubro de 2009, sob o título “Discurso da Ética e Ética do Discurso”, propiciou ao grupo presente o cultivo da humildade principalmente por trazer à baila a lembrança de nossa condição de seres em permanente construção. Propiciou também, como desejávamos, o deslindamento da opacidade dos sentidos no discurso e pelo discurso. O diálogo filosófico, como o texto que apresentamos evidencia, se mostra como um exercício do pensar coletivo, tão necessário no enfrentamento de problemas, porque propicia explicitações de escolhas, manifestações da singularidade irrepetível da tomada de posição, de que nos fala Bakhtin, no caminho também único e irrepetível percorrido por Miotello em sua palestra. Se a unicidade do ato de nos posicionar não traz respostas definitivas para nossas grandes questões, ela nos ajuda a formulá-las com mais cuidado e a enfrentá-las com mais paciência. Em vez de buscar a resposta para “o que somos?” passamos a desdobrá-la em outra: “o que podemos vir a ser?” ou “o que podemos nos tornar?” e, dessa forma, conquistar a consciência de que sair da perspectiva do passado, transformar o presente e ser dono do futuro exige a ação, o ato responsivo e responsável. O ato ético só se instaura quando o Outro entra em cena. Essa é uma das reflexões bakhtinianas com que o diálogo com Miotello nos brinda: o que confere sentido e pode parar a crise contemporânea é o agir responsável do não álibi no ser. Não temos álibi, não temos desculpas para não agir nem para não declarar nossas escolhas. E agir é sempre um inter-agir com o Outro, e é o Outro, do seu lugar também singular, que nos faz surgir, que nos confere significado. A ação ética está, pois, sempre sob o nosso poder, sob a nossa deliberação. É fruto e medida da nossa capacidade de extrair das possibilidades as escolhas que poderão viabilizar (ou não) as nossas mais caras utopias. É da liberdade e da responsabilidade construídas com a mesma matéria de que são feitos o tempo e a história, a nossa história, que podemos retirar a ação ética que ultrapassa a esfera do interesse, da competitividade, do esquecimento ou do apagamento do Outro e que deseja ardentemente, a “gratuidade de um absoluto do bem e da justiça” . É na exposição passiva, vulnerável e cheia de riscos que algo nos acontece e esse algo nos toca e nos transforma. Como no exercício das escolhas audaciosas, o perigo nos espreita, mas só esse exercício é capaz de definir e demarcar nossa relação com o mundo. E a possibilidade de religar cultura e vida reside na singularidade do ato, do qual não podemos nos eximir. É nesse conflito interminável que nos constituímos éticos, ainda que sempre marcados pelos limites que nos impõem o tempo e o território que habitamos. Importante ressaltar que, apesar das inúmeras razões que temos para reverenciar a palavra escrita, a presente publicação é uma tentativa de registro e resgate de momentos únicos de palavras trocadas ao vivo, sob olhares emocionados ou contrariados, entre risos de júbilo pelo acolhimento ou nervosos pela breve inquietação gerada por prováveis divergências. Nesses tempos em que a ciência, a técnica e a facilidade de acesso à informação paradoxalmente nos confundem com a ilusão de ser possível ter uma resposta rápida e segura para as perguntas que paralisam nossas ações e opções, a prática discursiva, a tertúlia ou simplesmente a conversa parecem ter o condão de devolver as escolhas à esfera do pensar em conjunto, do trocar ideias, do argumentar em busca de razões que as justifiquem (nossas ações e opções) ou que as façam nos parecer as mais justas. O estar junto, o ouvir alguém que nos dirige a palavra, faz da palestra, da conferência, da aula, “lugares vazios dispostos a se irem enchendo, sucessivamente, lugares da voz, onde se vai aprender de ouvido, o que resulta ser mais imediato que o aprender pela escrita, a qual inevitavelmente há que se restituir sotaque e voz para que assim sintamos que nos está dirigida” . Talvez aí resida o porquê da palavra dita, proferida em voz alta, dada sempre em seu percurso de construção, ser inapreensível, porque na escuta, como ensina ainda a filósofa Maria Zambrano, não temos que ir nos encontrar com a palavra; ela apenas vem, nos é destinada e por nós é sentida. E “pensar é, antes de tudo – como raiz, como ato –, decifrar o que se sente” . O diálogo com o Professor Valdemir Miotello que transcrevemos a seguir foi acomodado a um novo formato e, é claro, preserva as marcas de oralidade e carrega suas limitações, pois é impossível reproduzir o tom, a emoção, a palavra que flui entre intervalos ora estendidos, ora comprimidos e que por isso se desdobra no tempo e na memória. Contudo, não perde sua capacidade de reforçar a ideia de que é no debate livre e democrático, no enfrentamento dos conflitos e no reconhecimento do Outro que se dá a formação do ser humano livre e justo, pois o que nos prepara para o agir ético e responsável é somente o risco de exercê-lo radical e diuturnamente. Além disso, possibilita resgatar, tácita ou explicitamente, as ideias de ética como um construto da liberdade e de humanidade como o que nos confere a possibilidade de sermos livres. Essa humanidade que nos iguala na condição de seres livres, também nos distingue de outros animais e evidencia nossa perfectibilidade: não nascemos prontos. A vida que escolhemos viver e a ação que assumimos pôr em curso é que vão nos permitir avaliar se estamos ou não nos aprimorando. Ser perfectível, aperfeiçoar-se é potência do ser humano. Verter essa potência em ato é conquista e risco do exercício da nossa liberdade.

 

http://www.pedroejoaoeditores.com.br/discurso-da-etica-e-a-etica-do-discurso.html

IV Seminário Internacional de Fonologia

Informações do IV Seminário Internacional de Fonologia

Coordenadora: Profa. Leda Bisol e Profa. Gisela Collischonn

Início: 23 e 27 de abril de 2012

Informações Gerais:
Unidade Promotora: Faculdade de Letras
Duração: 23/04/2012 – 27/04/2012
Carga horária: 36 horas/aula
Dias 23 e 24/04, das 9h às 12h e 14h às 17h), 25 a 27/04 (9h às 18h30min)
Local: Auditório Prédio 9 e Salas do Prédio 40

Informações e inscrições:
Local: Prédio 40 – Sala 201
Horário: Segunda a sexta-feira – 08h às 12 – 13h30min às 18h18min

Investimento:

Alunos e Diplomados PUCRS:
08/12/2011 – 25/03/2012: R$ 30,00
26/03/2012 – 27/04/2012: R$ 40,00

Aluno PUCRS + Comunicação:
08/12/2011 – 25/03/2012: R$ 40,00
26/03/2012 – 27/04/2012: R$ 50,00

Estudantes:
08/12/2011 – 25/03/2012: R$ 60,00
26/03/2012 – 27/04/2012: R$ 80,00

Estudantes + Comunicação:
08/12/2011 – 25/03/2012: R$ 70,00
26/03/2012 – 27/04/2012: R$ 90,00

Público Geral:
08/12/2011 – 25/03/2012: R$ 40,00
26/03/2012 – 27/04/2012: R$ 50,00

Público Geral + Comunicação:
08/12/2011 – 25/03/2012: R$ 120,00
26/03/2012 – 27/04/2012: R$ 150,00

Público-alvo:
Professores e alunos do curso de Letras, Fonoaudiologia, Pedagogia

Programação:

23/04 – Segunda-feira

9h às 12h – Minicurso “Teoria Fonológica e Prosódica” – Ben Hermans (Meertens Institut, Amsterdam)
14h às 17h – Minicurso “Interface e Mudança Fonológica” – Ricardo Bermúdez-Otero (University of Manchester)
Minicurso “Línguas Indígenas” – Leo Wetzels (Vrije Universiteit Amsterdam)

24/04 – Terça-feira

9h às 12h – Minicurso “Teoria Fonológica e Prosódica” – Ben Hermans (Meertens Institut, Amsterdam)
14h às 17h – Minicurso “Interface e Mudança Fonológica” – Ricardo Bermúdez-Otero (University of Manchester)
Minicurso “Línguas Indígenas” – Leo Wetzels (Vrije Universiteit Amsterdam)

25/04 – Quarta-feira

9h às 9h15′ – Abertura
9h15′ às 10h30′ – Conferência de Abertura
Conferencista: Paul Kiparky (Stanford University), com o tema Mudança Sonora
10h30′ às 11h – Intervalo
11h às 12h – Mesa-redonda Teoria Fonológica
Coordenação: Maria Bernadete Abaurre (UNICAMP)
Membros: Luiz Carlos da Silva Schwindt (UFRGS) e Seung Hwa-Lee (UFMG)
13h às 14h30′ – Almoço
14h30′ às 16h – Sessão de Comunicações
16h às 16h30′ – Intervalo
16h30′ às 18h30′ – Sessão de Comunicações

26/04 – Quinta-feira

9h às 10h30′ – Conferência
Conferencista: Ricardo Bermúdez-Otero (University of Manchester),
com o tema Efeitos da mudança em sistemas sincrônicos
10h30′ às 11h – Intervalo
11h às 12h30′ – Mesa-redonda Variação e Fonologia
Coordenação: Elisa Battisti (UFRGS)
Membros: Dermeval da Hora (UFPB), Carmen Matzenauer (UCPel) e Ubiratã Kickhöfel Alves (UFRGS)
12h30′ às 14h – Almoço
14h às 16h – Sessão de Comunicações
16h às 16h30′ – Intervalo
16h30′ às 18h30′ – Sessão de Comunicações

27/04 – Sexta-feira

9h às 10h30′ – Conferência
Conferencista: (a confirmar)
10h30′ às 11h – Intervalo
11h às 12h – Mesa-redonda “Fonologia das Línguas Indígenas” (Homenagem a Yonne Leite)
Coordenação: Kristine Stenzel (UFRJ)
Membros: Jean Damulakis (UFRJ) e Filomena Spatti Sândalo (UNICAMP)
12h30′ às 14h – Almoço
14h às 15h30′ – Sessão de Comunicações
15h45′ às 16h15′ – Sessão de Pôsteres
16h15′ às 16h45′ – Intervalo
17h às 18h – Conferência de Encerramento
Conferencista: Leo Wetzels (Vrije Universiteit Amsterdam)

Prof. Freitas Leite participa do II Semin. de Introd. à Semântica

Mesa do II Seminário de Introd. à Semântica (da esq. para a dir.): Prof. Freitas Leite, Prof. Thiago Gil, Prof. Raimundo Luiz e Prof. Flávio Queiróz (na tribuna)

Na foto acima, da esquerda para a direita, os professores Freitas Leite, Thiago Gil, Raimundo Luiz e Flávio Queiróz (na tribuna)

A sessão de abertura do II Seminário de Introdução à Semântica, realizado sob a coordenação do Prof. Raimundo Luiz do Nascimento, deixou o Salão de Atos lotado, na noite do dia 09 de janeiro.

O prof.Flávio Queiróz desenvolveu o tema “O pensamento é uma metáfora?”, secundado pelo prof. Thiago Gil Lessa Alves, cuja tema foi “O significado dos tempos verbais e os tipos de discurso”. A noite foi encerrada com a comunicação do prof. Freitas Leite, intitulada “Significado e sentido na perspectiva da filosofia bakhtiniana da linguagem”.

A programação do evento continua até a noite do dia 11, sempre no Salão de Atos, com a apresentação dos trabalhos inscritos no evento.

O corpo de pesquisadores do Netlli saúda a iniciativa do Prof. Raimundo Luiz e se congratula com todos os participantes do evento.

Inscrições encerram-se na quinta-feira

AS INSCRIÇÕES DO COLÓQUIO TERMINAM NA QUINTA-FEIRA. HÁ DUAS MANEIRAS DE SE INSCREVER: FAZENDO O DEPÓSITO BANCÁRIO E ENVIANDO O COMPROVANTE POR E-MAIL OU DIRETAMENTE NO DEPARTAMENTO DE LETRAS, COM AUXILIADORA OU NILDETE.

Coluna de Sírio Possenti – Portal Terra, 29/12/2011

Argumentação, orientação

Sírio Possenti – De Campinas (SP)

Quando conheci as teses de Ducrot sobre semântica, fiquei abismado. Finalmente, alguém tinha proposto uma teoria do sentido que evitava as explicações da lógica (que funciona segundo regras diferentes e próprias) e, ao mesmo tempo, era rigorosa, isto é, não subjetiva (ser ou parecer subjetiva é um vício que se aponta, em geral por ignorância, nas teorias não formais).

Sua tese básica era que qualquer coisa que se diga é argumento para uma conclusão. Ou seja: o sentido de um enunciado é aquilo para o que ele aponta (brinca-se um pouco com a palavra “sentido”, que significa também orientação, como em “sentido norte”). Se estou procurando uma casa e o corretor diz que ela é grande, este é um argumento para que eu fique com ela. Se respondo que é cara, é um argumento para eu não ficar com ela (nem preciso dizer “não quero / não posso pagar”).

Um elemento “subjetivo” desta interpretação tem a ver com o fato de que julguemos que casas grandes são boas e pequenas são ruins. É um dado da cultura, da ideologia. A interpretação adequada mostra que os interlocutores falam no interior de um universo cultural relativamente partilhado.

Um dos exemplos comentados era o do copo meio cheio / meio vazio, que quase todos os comentaristas, os econômicos e os esportivos, repetem. O que Ducrot queria dizer é que importa pouco o que significa objetivamente “copo meio cheio / meio vazio”, expressões que poderiam ser sinônimas, se fossem apenas descritivas. Ou seja, não importa que o copo contenha metade do líquido que pode conter. O que importa é se o discurso vai na direção do copo vazio (estamos bebendo) ou se vai na direção do copo cheio (estamos enchendo). “Ainda tem meio copo” e “Já bebemos meio copo” informam sobre a mesma quantidade de bebida, mas uma das falas deixa os bebuns tranqüilos, enquanto a outra os deixa alvoroçados…

Me lembrei dessas teses, que estudei há 30 anos, quando ouvia o noticiário sobre emprego / desemprego na semana passada. No dia 20, o IBGE liberara dados sobre novos empregos em novembro. Cito uma das notícias:

 “O Brasil registrou a criação de 42.735 vagas com carteira assinada em novembro. Este é o pior resultado do ano e o pior mês de novembro desde 2008, quando houve fechamento de 40.821 postos de trabalho. Os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) foram divulgados nesta terça-feira (20) pelo Ministério do Trabalho. Na comparação com novembro de 2010, o resultado foi 69% menor, quando foram gerados 138.247 postos de trabalho. Em relação a outubro, segundo o Ministério do Trabalho, houve redução no ritmo de crescimento do emprego –quando foram criadas 126 mil vagas, queda de 66% na geração”. (as ênfases são minhas, e destacam bem explicitamente o lado negativo da notícia).

Agora, vejamos uma informação que circulou dois dias depois:

 “O número de pessoas desempregadas, nas seis principais regiões metropolitanas, ficou em 5,2% em novembro. A taxa é a menor desde 2002”.

Quem lê as duas conclui que as notícias informam que houve um bom número de empregos novos. A diferença é que a primeira insiste na comparação com meses ou anos anteriores. Assim, seu sentido é que a coisa piorou. A segunda não exclui a primeira, mas seu sentido é que a coisa melhorou, há tempos não estava tão boa.

Entre parênteses: os locutores e comentaristas estavam felizes no dia 20, dando uma notícia ruim; e estavam chateados no dia 22, dando uma notícia boa (noblesse oblige). Parece estranho? Não deveria ser o contrário? Ora, não sejamos Cândidos!

O que quero dizer? Só que, com o mesmo dado, pode-se enfatizar seu lado positivo ou o negativo. Pode-se expressar otimismo com uma redação como “apesar da crise, o Brasil criou 42 mil empregos em novembro. Embora o número seja menor que o do mês anterior, ele seria comemorado na Espanha”. E pode-se apresentar o bom dado sobre desemprego como uma praga: ainda há mais de 5% de desempregados. Traduzindo em números, a coisa fica ainda mais feia: são milhões, como o número de favelados, conforme informação de alguns dias depois (é há um implícito, que nem os jornalões precisam repetir: desemprego de 6% não é desemprego, segundo as “boas” medidas econômicas dominantes).

 Só quero dizer que a mídia não precisa mentir para ser de oposição ou de situação. Basta carregar as tintas de um dos aspectos da notícia. A seleção brasileira caiu no ranking da Fifa? Isso é ruim. Mas está na frente da Argentina, o que é bom… PS – O ano está acabando: versão pessimista. Outra está para começar: versão otimista. Desejo aos leitores que sua vida melhore (ainda mais). Desejo isso especialmente aos que lêem sempre outra coisa nas colunas: eles sofrerão menos.